Estratégias nutricionais para introdução alimentar

Alimentação complementar é um fato muito importante no desenvolvimento da criança e gera muitas dúvidas e insegurança aos pais

Tempo de Leitura

4 minuto(s)

Data

09/08/2022

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A introdução alimentar é uma fase de extrema importância para promover nutrição adequada para o crescimento e desenvolvimento infantil. Conheça as estratégias nutricionais disponíveis e recomendadas atualmente, como a BLW e confira um esquema prático para aplicar com seus pacientes.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda “o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade, devendo sua prática ser incentivada até 2 anos ou mais”. Esta é a melhor alimentação e nutrição para o lactente. ¹⁻²

A partir do sexto mês de vida, a OMS, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Ministério da Saúde (MS) recomendam a introdução de alimentos complementares, denominada: alimentação complementar.¹⁻³

Alimentação complementar

A alimentação complementar é a introdução de outros alimentos, além do leite materno de forma exclusiva.³ Ela é de extrema importância para o crescimento e desenvolvimento adequado do lactente, sendo recomendado que contemple todos os grupos de alimentos (com exceção de gorduras e óleos).

Estratégias Nutricionais

A introdução alimentar deve apresentar o máximo de alimentos saudáveis para a criança, dando prioridade aos in natura e de origem vegetal. Tendo em vista que os 2 primeiros anos de vida compõem o período mais importante para prevenir obesidade na adolescência e vida adulta, adequar a quantidade e qualidade é fundamental. Frutas, legumes, verduras são ótimas fontes de vitaminas e minerais e podem ajudar na prevenção de doenças crônicas.³

A consistência deve evoluir de forma gradativa, ou seja, se inicia com a textura pastosa, de acordo com a aceitação do lactente. Após, é possível realizar a inclusão de pequenos pedaços, evoluindo para pedaços maiores, até a consistência da alimentação da família. ²⁻³

Além disso, os pais devem ter protagonismo ao comer junto do bebê, interagindo e enfatizando positivamente o sabor do alimento. É uma das melhores formas de estimulá-lo. Ao oferecer um alimento novo, caretas podem acontecer, embora isso não signifique que a comida está ruim, apenas demonstra que está provando algo diferente. Os pais também não devem convencer a criança a comer fazendo uso de recompensas, como oferecer um docinho se a criança comer tudo. Esse comportamento pode atrapalhar seu controle de ingestão, além de moldar a preferência alimentar da criança. ²⁻³

Alguns passos são muito importantes para a introdução alimentar:

- As frutas devem ser consumidas in natura, em forma de papa ou purê (sem peneirar ou liquidificar);

- Sucos de frutas não são recomendados para lactentes, mesmo que naturais;

- A papa principal ou papa salgada, pode ser oferecida a partir do 6º mês durante o almoço ou jantar, sem adição de sal;

- Os cereais ou tubérculos (arroz, batata, mandioca), carnes, leguminosas (feijões, ervilha, lentilha) e hortaliças (espinafre, vagem, chuchu) podem compor a papa principal de múltiplas misturas;

- A segunda papa de misturas múltiplas poderá ser oferecida a partir do sétimo mês de vida;

- Não se recomenda o consumo de açúcar em nenhuma de suas formas (refinado, melado, mascavo) até o 2º ano de vida;

- O mel in natura e alimentos preparados com devem ser evitados durante o primeiro ano de vida;

- O ideal é que as refeições sejam realizadas à mesa e sem distrações, como telas;

BLW: Uma nova abordagem de introdução alimentar

Uma abordagem mais recente a respeito da alimentação complementar chamada de Baby Led Weaning (BLW) propõe que a criança após os 6 primeiros meses tenha à sua disposição pedaços dos alimentos que irão constituir sua refeição e deixar que ela mesma se sirva, oferecendo benefícios como ³⁻⁴:

- Maior desenvolvimento motor;

- Autonomia e controle da duração da refeição por parte da criança;

- Melhor relação da criança com a alimentação;

Por outro lado, a técnica ainda traz grandes questionamentos dos pais aos profissionais de saúde, como médicos pediatras e nutricionistas, como o risco de engasgos, ingestão calórica e baixa oferta de ferro. De acordo com a SBP, a recomendação é que no momento da alimentação, o lactente receba os alimentos amassados, mas também tenham o contato com as mãos para experimentar e explorar diferentes texturas. ³⁻⁴

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Referências Bibliográficas

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1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primaria à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primaria à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_da_crianca_2019.pdf. Acesso em: 21 fev 2022.

2. PAHO/WHO - Pan American Health Organization/World Health Organization. Guiding principles for complementary feeding of the breastfed child (2003). Division of health promotion and protection. Food and Nutrition Program. Disponível em https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK143680/ Acesso em: 21 fev 2022.

3. Sociedade Brasileira de Pediatria – Departamento de Nutrologia Manual de Alimentação: orientações para alimentação do lactente ao adolescente, na escola, na gestante, na prevenção de doenças e segurança alimentar / Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. – 4ª. ed. - São Paulo: SBP, 2018

4. Arantes, Ana Leticia et al. The baby led weaning method (BLW) in the context of complementary feeding: A Review. Revista Paulista de Pediatria: órgão oficial da Sociedade de Pediatria de São Paulo, v. 36, n.3, p. 353-363, 2018.